AÇORDA ALENTEJANA

Esta é sem fotos, mas, na verdade foi feita de "ganas" e como tal, nem deu tempo para tirar fotos.

È Domingo, fim de tarde com as primeiras chuvas a sério. Passei a tarde a "giboiar", que é como quêm diz, sem fazer nadinha e com vários encontros com o meu sofá.

A minha esposa tinha planeado para o jantar uns medalhões de pescada com molho de marisco, mas, verdade verdadinha, não me apetecia nem um bocadinho.(e se ela os faz bem!!)

Vai daí, decidi fazer uma comidita mais levezinha!! Açorda à Alentejana.

Num almofariz, esmaguei meia cabeça de alhos com sal grosso e coentros - sem medo- que cá em casa a malta gosta destes ingredientes, e reguei com azeite.

Num tacho, pus a cozer umas caras de bacalhau demolhadas em água e sal. Depois de cozidas, retirei-as e reservei a agua mas ao lume brando, para a manter a ferver.

Numa terrina, deitei a mistura do almofariz no fundo e á volta enchi com pão velho partido aos bocados (á mão, mas não encher demasiado senão ensopa muito).

Na água da cozedura, escalfei dois ovos que retirei e deitei esta mesma água a ferver em cima dos coentros .

Mexi com cuidado para envolver e enfeitei com os ovos escalfados.

Servi bem quente e ...que bem que nos soube.

Simples, sem grandes trabalhos nem entradas nem vinhos...nada, mesmo nada.

Mesmo á malandro que ás vezes tambem sabe bem.

Caldeirada de enguias á moda do Sargaçal

Hoje deu-me para fazer caldeirada de enguias...o Pai A tinha lá umas enguias e não sabia o que lhes fazer e vai daí...tunga, caldeirada no Sargaçal.

Deu-me é uma força de expressão; deu-nos, a mim e ao meu amigo RR, que, tal como eu, é perdido por esta iguaria.

Embora não fosse a primeira vez que nos atiravamos a este prato( já tinhamos tentado uma vez e com bons resultados, diga-se), a sua preparação exige sempre calma e alguma pesquisa, para não estragarmos tudo com pequenos detalhes.

Assim, a receita inicial, manda fazer uma data de coisas que nós cumprimos, mas sem medidas. Ou seja, a olho que é a melhor medida na nossa cozinha.

Primeiro, convencemos a minha esposa a sair da cozinha e abrimos um Porto para iniciar as hostilidades, que muita cebola, alhos e batatas havia para descascar...As cebolas e as batatas em rodelas com a mesma espessura, e não muito grossas.

No fundo de um tacho, colocar uma camada de cebola e 2 ou 3 bocados de carne gorda de porco.

Logo seguida de uma camada de batata e de uma de enguias. Aqui, após as enguias deve-se parar, abrir uma garrafita de branco fresco e um queijo de Nisa, para entreter o estomago. ( Não comer muito porque a caldeirada vai ficar deliciosa, concerteza).

É nesta fase, após a primeira camada de enguias, que se deve colocar alho( sem medo), um pouco de azeite, bastante louro, salsa, uma folha de hortelã,sal e pó de enguias. (nós fizemos uma mistura de gengibre branco moido com açafrão, em parte iguais).

E, "bota" mais uma camada de cebola, uma de batata e uma de enguias. repetir o tratamento á base de alho, salsa, louro, uma folha de hortelã, pó de enguias,sal e um pouco de azeite.(não abusar do azeite, porque ainda há mais gordura para meter).

Nós terminamos a nossa caldeirada com uma camada de cebola e batata, sobre a qual adicionamos o resto dos alhos e colocamos pequenas tiras de unto de porco com sal, que se vão retirar quando a caldeirada estiver quase pronta para desfazer num almofariz com sal grosso e três dentes de alho, fazendo assim a "moira" que se adiciona então ao tacho e serve-se após breves instantes.

A Moira

E viva a boa disposição neste 25 de Abril de 2009, com muitos amigos, a familia e .... ok, a receita... bem, depois de juntar a moira à caldeirada, deixamos no lume uns minutinhos e servimos , acompanhado por um branco da Defesa 2007, sem antes , no entanto, nos termos deliciado com uns berbigões na chapa que o amigo MC estava a preparare uns camarões com pimentão e azeite que o Pai A preparou .

Como sempre, enguias não é um prato consensual, e assim para os cépticos, preparou-se umas assadeiras de Aba assada no Forno com batatinhas a acompanhar e uma de cachaço de Porco, mas esta não correu bem...enfim, acidentes.

Terminámos com um bolo de chocolate que a minha Bê fez e uns bolinhos de canela que o Pai A "fez"...na loja Gourmet.

O resto, ....é para quem cá esteve.

Á minha Bé, ao Pai A, á Mãe L, aos meus filhotes G. e P. e aos meus amigos RR, JP, MC, PR, TT, CT, MT, C e CA um abraço especial e um beijo grande, aplicados consoante o caso.

Chanfana de Galo Velho

Pois...hoje é dia de festa "Rija".

O nosso Pedrocas faz 2 anos. E o mais velhote faz no dia 4 de Fevereiro, oito anos.

Estamos a ficar carcaças ( eu e a Mãe), mas em contrapartida, é um prazer ver os dois a ficaram homenzinhos, latagões mesmo. Uns para cima, outros a descer suave, suavemente como quem chama por mim, mas eu não ouço - prefiro escutar Nina Simone.

Enfim, deu-me para fazer mais uma assadela e vai daí, mãos à obra que já é tarde.

Os galos que a mãe Lola nos deu já vão ter destino, e , para mim, galo caseiro velho de 4/5 Kg cada, só têm um destino: Chanfana no forno a Lenha.

Primeira tarefa: pesquisar na net receitas do dito, mas nada...bem, vai de improviso que normalmente sai bem. Depois das tarefas usuais de limpeza e preparação dos bichos, deve-se fazer um intervalo, lavar as mãos com detergente e limão para tirar o cheiro característico deste tipo de carne e é tempo de abrir o queijo de ovelha que comprei em Nisa na semana passada.

Experimentem acompanhar com um tinto da Quinta da Sequeira.

Como diz o filho mais velho do filho mais velho do filho do meio do António Maria, "é bué de bom".

Estou sozinho, chove e o vento é mais que muito...hum, a coisa não está fácil, mas nada como mudar a musica para animar. Club des belugas, muito bom e mais uma boa contribuição do Almagrande (http://www.almagrande-ria.blogspot.com/) para a minha "Cdteca".

Obrigado e continua.

Ups, tenho os galos à espera e a Sequeira também.

Numa caçoila de barro preto, ponho uma camada de Cebola cortada em rodelas grossas, uma de galo, alhos em bom nº e louro. Adiciona-se 2 ou 3 colheres de chá de banha e Salsa. Sal e umas taliscas de presunto, assim como umas folhas de salsa( em rama).

Depois repete-se a dose, numa segunda camada. Não esquecer de Pimenta preta e 1 piri-piri.

No caso repeti a dose mas num tacho de barro vermelho.

Posto isto, passemos ao forno, que se quer de lenha do género dos de padeiro antigos.

O meu, para assar bem têm que ser aquecido durante duas horas e meia, pelo menos.

Bem, a Sequeira já acabou, mas como também mudei para a copita de Barrancos, o melhor é abrir uma "Monte da Ravasqueira".

Eu gosto,ponto.

E ála que é cardume - caçarolas para o forno durante duas horas pelo menos, mas como a malta estava entretida com as entradas - o Salmão fumado com molho de alho é uma delícia - por lá ficaram as ditas durante 3 horas certas.

Ah! Tive que abrir a meio da cozedura para rectificar o sal, mas "ó de mais", foi só esperar e comer.

A janta foi regada com Serradayres 05 Reserva Tinto, e terminamos com um bolo da Bê, de chocolate, fantástico, que antecedeu o cafézinho e o Bushmills 16 anos , que para quem aprecia é bom fim de repasto.

Lo de más...se queda para nosotros.

O nosso Primeiro Leitão Assado

"As coisas onde me meto..." - dei por mim a pensar entre dois goles de um bom tinto e um bom naco de presunto.

Então não é, que a malvada da vizinha numa atitude corajosa, me desafiou para assar um leitão??

Eu, a minha senhora e alguns amigos, já tínhamos tido incursões na cozinha tradicional portuguesa (aliás, quase sempre com sucesso, diga-se em abono da verdade), mas um leitão assado !!! no forno a lenha!!! Hum, o melhor é arranjar alternativa, não vá a coisa dar para o torto.

Desafio aceite e mãos à obra, que isto de assar o bicho têm que se lhe diga.

Ora então, passado o primeiro susto, dedicámos-nos à bela da pesquisa: como se tempera, qual tempero, o forno, o tempo, a constipação ou não...enfim, segredos e segredinhos, que a net ajuda a desvendar.

Aqui, neste capitulo, foi muito importante ler um blog de Canelas, que desconhecia mas do qual fiquei cliente: http://noticiasdaaldeia.blogspot.com/

Curso tirado, bora aí comprar o animal que o dia da festa já se aproxima, e convivas para o degustarem já eram muitos; ainda vão acabar a comer umas febras, mas enfim, ao menos com molho de leitão.

Agora sim, agora é que a coisa começa a dar luta. Qual o peso da carcaça limpa ?? 7.4 Kg

Nesta fase , já o meu amigo R me ajudava, e enquanto ele tratava de alimentar o forno que já tínhamos acesso, eu, qual anti-marnoto ,tentava dissolver 2 Kilos de sal em pouco mais de 10 litros de água. Bicho imerso nesta salmoura durante duas horas, e entre achas e pauzinhos, que o forno chora, há que confortar os estomagos famintos com uns belos de uns patés de veado, lebre e javali, que o Grande TT entretanto chegado, houvera trazido.

Ah! Se o tinto já não era mau, agora então...

Tá na Hora, diz o R - Tá a tirar o bicho e pendurar para o escorrer, que ainda demora uma boa meia hora.

Já se dava no salpicão de Penalva do Castelo, quando a Vizinha, a tal, AP, se juntou aos bravos.

Bem na hora, minha amiga, que vamos mesmo agora começar a temperar o animal, um toque feminino nunca fez mal a ninguém e a minha SM anda lá dentro a cuidar dos nossos pestinhas.Coitada...não é tarefa fácil.

Pimenta branca basta , banha de porco idem, o picadinho ( um refogado feito com a fressura, coração e rins do bicho) e fio para o cozer. Ah! o espeto e um pouco de vinho branco com louro e um bocadinho de sal) para ir regando o bicho.

Já a tarde ia longa, quando se junta a nós o nosso amigo JP - um homem de grandes valores e muito amigo do Irlandês - mesmo a tempo de ver a AP e o TT a costurarem a carcaça com a mestria de uns cirurgiões. Confesso que por momentos pensei que o JP se ia passar com esta visão, mas não...portou-se à Homenzinho, que é, claro. Grande JP.

Resumindo: temperar com pimenta o interior da carcaça e espalhar muito bem, untar também, empalar o animal, cozer a barriga e antes de completar, meter o picadinho no interior, untar fora e já está. Só falta amarrar o bicho e evitar que ele corra no espeto.

Depois, claro, mais uma de Esporão a baixo, que o corpo não é de ferro, uns queijos de ovelha, umas azeitonas XPTO, um pão alentejano, um Azeitão divinus, enfim, tudo o que a malta gosta.

Ora adivinhem quêm é que chegou??? Claro, o MC, cúmplice no desafio da AP, e um dos grandes apreciadores de queijo que eu conheço...olha que agora que penso, já conheço alguns (Grande Pai e TM - o Teimoso).

Bem, vamos ao Forno que senão ainda me estrago, e agora começa a ser pena.

Brasas para fora, forno limpo e teste à temperatura. Se o forno estiver muito quente, esperar um bocadinho que o calor baixe, senão só dá torresmos.

Proteger o focinho e as orelhas e forno com ele. Eh pá, que lindo, pá. Gostava que o Grande Pai aqui estivesse para ver - ah pois é - tu esta nunca fizeste. Vai buscar!!!

Roda daqui, roda para acolá, e já a coisa tinha evoluído para a Quinta da Sequeira - Branco - fresquinho, um espectáculo. O presunto agora também já marchava.

Bem, depois é rodar, picar as bolhas e no nosso caso, nós nunca o tiramos do forno para constipar, apenas regamos com o tal vinho branco temperado.

Duas horas depois, tirar, deixar secar um pouco e ao ataque , que já a mesa está composta, quer de entradas, quer de amigos e a minha SM e os rebentos já cá estão para recebermos a trupe de Reis que ano após ano nos visita, para muita satisfação desta família.

Então??? Pensavam que que iam beber o quê agora?? Claro, espumante tinto fresquinho, a acompanhar umas batatinhas fritas ás rodelas, um arroz de miúdos e laranja cortada às rodelas.

O resto é para quem cá esteve!!!